RESUMO 6

Capítulos 19 a 21 de “O Seminário Católico de Zóbuè: Entre a Cruz e o Fuzil”

O Capítulo 19 fornece trechos duma circular de 14 páginas assinada pelo Presidente Eduardo Mondlane e emitida em Dar-es-Salaam em Dezembro de 1967. A circular criticava estudantes moçambicanos no exterior que, “instigados por forças imperialistas, por razões puramente egoístas e pela sua corrupção”, se recusavam a interromper os seus estudos para prestar o serviço militar na FRELIMO. Num espírito de autocrítica, a circular criticava, igualmente, o Comité Central da FRELIMO por ser “hesitante nas suas decisões quando confrontado com abusos e flagrante falta de disciplina de certas pessoas”. Pelas diversas passagens em letras maiúsculas e pelo jargão marxista e ofensivo utilizado na circular, presume-se que tenha sido redigida por Sérgio Vieira que era o secretário do Presidente Mondlane na altura.

O Capítulo 20 contém a resposta dos estudantes nos Estados Unidos da América, na sua grande maioria ex-seminaristas do Zóbuè. Numa carta de nove páginas, intitulada “A Revolução Moçambicana Atraiçoada”, esses estudantes responderam a circular com um ataque igualmente contundente. Acusaram o Presidente Mondlane de insinuar que os estudantes moçambicanos no exterior mereciam ser “severamente punidos”, da mesma forma que foram punidos os estudantes do Instituto Moçambicano em Dar-es-Salaam, Tanzânia, em Março de 1968, que “tiveram que fugir e se esquivar de balas que não vinham das armas portuguesas, como dita a lógica da revolução anticolonial, mas das armas da FRELIMO”.

O Capítulo 21 destaca a reacção dos estudantes moçambicanos em países socialistas. Esses estudantes saudaram a carta da UNEMO nos Estados Unidos da América. Quando Samora Machel assumiu o poder e visitou a União Soviética, pediu ao governo soviético que, durante as férias, enviasse estudantes moçambicanos para trabalhar nas “obras, fábricas e hospitais nas regiões mais remotas da Sibéria”.  Refira-se que a Sibéria é um dos lugares mais frios do planeta, se não o mais frio. Os soviéticos, que se libertavam do Estalinismo na altura, não satisfizeram o pedido. Quase todos estudantes moçambicanos na USSR e outros países socialistas, fugiram para países ocidentais depois de concluirem seus cursos.

Devido a esse comportamento, a FRELIMO do Presidente Machel cortou relações com todos os estudantes moçambicanos no exterior, incluindo os estudantes do Instituto Moçambicano que se refugiaram no Quênia. Aqueles que regressavam a Moçambique na altura da independência eram detidos ou mortos. Quando Joaquim Chissano assumiu o poder em 1986, ele procurou reconciliar-se com esses estudantes, encorajando-os a regressar e prometendo que nenhum mal lhes aconteceria. Para demonstrar a sua boa vontade, nomeou o presidente da UNEMO que assinou a carta dirigida ao Presidente Mondlane, para o cargo de Embaixador de Moçambique nos Estados Unidos da América.

________________________________________________________________________________________________________________

𝐀𝐧𝐨 𝐝𝐞 𝐏𝐮𝐛𝐥𝐢𝐜𝐚çã𝐨 : 2024

𝐄𝐝𝐢𝐭𝐨𝐫𝐚 : Produção Independente

𝐏𝐫𝐞𝐟á𝐜𝐢𝐨 𝐝𝐞 : João M. Cabrita, autor de “Mozambique: The Tortuous Road To Democracy”(Moçambique : O Caminho Tortuoso para a Democracia) e “A Morte de Samora Machel”

𝐍ú𝐦𝐞𝐫𝐨 𝐝𝐞 𝐏á𝐠𝐢𝐧𝐚𝐬: 334

𝐏𝐫𝐞ç𝐨: 1 400 MTS

𝐃𝐢𝐬𝐩𝐨𝐧í𝐯𝐞𝐥: Livraria Mabuko, Livraria Escolar Editora, Livraria Paulinas, Maputo e Livraria Fundza, Beira

Exit mobile version