Lançamento do Livro “O Seminário Católico de Zóbuè: Entre a Cruz e o Fuzil”

Na Universidade Católica de Moçambique

Em 28 de Agosto de 2025

Fotos : Capa do Livro “O Seminário Católico de Zóbuè: Entre a Cruz e o Fuzil” & Peregrinação no Rehabilitado Seminário de Zóbuè (16-17/08/2025)

Será lançado o livro “O Seminário Católico de Zóbuè: Entre a Cruz e o Fuzil” em Tete no dia 28 de Agosto de 2025, e depois na Beira e em Maputo.

O livro retrata a história da formação para o sacerdócio de jovens africanos da Região Centro de Moçambique – actuais províncias de Sofala, Manica, Tete e Zambézia – no Seminário Católico de Zóbuè em Moatize, na Província de Tete.

Os Missionários da Africa, mais conhecidos como “Padres Brancos”, que foram os
primeiros docentes deste Seminário, não só formavam esses jovens para o sacerdócio,
como incutiam nas suas mentes as ideias de independência e o espírito nacionalista da
luta pela liberdade. Ao mesmo tempo, ajudavam jovens que desistiam da vida
sacerdotal a deixar Moçambique com destino à Tanzânia para se juntarem à Frente de
Libertação de Moçambique (FRELIMO).

Entre 1960 e 1970, mais de uma centena de seminaristas do Zóbuè abandonaram a vida
sacerdotal, seguindo para a Tanzânia para se juntarem aos movimentos de libertação,
principalmente a FRELIMO. Esses ex-seminaristas, que tinham grandes expectativas em
relação ao movimento, foram confrontados com a realidade após a sua chegada à
Tanzânia. Reinavam no seio do movimento conflitos étnicos e regionais bem como
disputas pelo poder que levaram os nacionalistas moçambicanos a desperdiçar muitas
das suas energias lutando entre si.

O livro destaca o desentendimento desses ex-seminaristas com a liderança da
FRELIMO e as detenções, maus-tratos e assassinatos de alguns deles e de outros
nacionalistas antes e depois da independência de Moçambique; bem como a postura
reconciliatória do Presidente Joaquim Alberto Chissano, que culminou na devolução de
bens pertencentes à Igreja Católica, incluindo o Seminário Católico de Zóbuè, bem
como no regresso a Moçambique de ex-seminaristas que não podiam fazê-lo sem serem
detidos ou mortos.

Em forma de conclusão, o livro chama a atenção para dois factos:

Embora se reconheça o papel da Igreja Católica na educação dos povos indígenas, na sua consciencialização política, bem como na mediação do conflito armado entre o governo da FRELIMO e a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), que resultou no Acordo Geral de Paz em 1992, o livro não deixa de criticar esta Igreja por ter permanecido em silêncio sobre a escravatura e outras práticas contrárias à dignidade humana e incompatíveis com a justiça cristã. Embora tenha reconhecido os seus erros e tenha pedido desculpas, para os críticos, a sua mea culpa não só foi tardia, como se esperava que tivesse feito muito mais para mitigar a sua cumplicidade.

Quanto ao movimento da FRELIMO e ao seu partido, Frelimo, estes nunca reconheceram que alguma vez cometeram erros. Muito pelo contrário, escrevem e interpretam a história de forma enganosa, esquecendo que é conhecendo e aprendendo com os erros do passado que os povos evitam recorrências da violência. Os desmandos e excessos cometidos pela FRELIMO e seu partido no passado e no presente, bem como a recusa em reconhecê-los, são a principal razão da recorrência da violência em Moçambique e do contínuo sofrimento do povo moçambicano. As gerações presentes e futuras devem conhecer e compreender as dolorosas fases da nossa história para evitar que os erros e abusos do passado se repitam no futuro.

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𝐀𝐧𝐨 𝐝𝐞 𝐏𝐮𝐛𝐥𝐢𝐜𝐚çã𝐨 : 2024

𝐄𝐝𝐢𝐭𝐨𝐫𝐚 : Produção Independente

𝐏𝐫𝐞𝐟á𝐜𝐢𝐨 𝐝𝐞 : João M. Cabrita, autor de “Mozambique: The Tortuous Road To Democracy”(Moçambique : O Caminho Tortuoso para a Democracia) e “A Morte de Samora Machel”

𝐍ú𝐦𝐞𝐫𝐨 𝐝𝐞 𝐏á𝐠𝐢𝐧𝐚𝐬: 334

𝐏𝐫𝐞ç𝐨: 1 400 MTS

𝐃𝐢𝐬𝐩𝐨𝐧í𝐯𝐞𝐥: Livraria Mabuko, Livraria Escolar Editora, Livraria Paulinas, Maputo e Livraria Fundza, Beira


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