RESUMO 3

Capítulos 11 e 12 de “O Seminário Católico de Zóbuè: entre a Cruz e o Fuzil

Capa do Livro “O Seminário Católico de Zóbuè: entre a Cruz e o Fuzil”

Existe um equívoco que deve ser corrigido, de que o NESAM (Núcleo dos Estudantes Africanos Secundários de Moçambique), cujos membros incluíam estudantes negros do Sul de Moçambique, nomeadamente, Joaquim Chissano, Pascoal Mocumbi, Armando Guebuza, João Nhambiu, Mário Machungo, Eneias Comiche, bem como alguns Muthembas, Sumbanas, Hunguanas e Simbinis, foi a única força estudantil negra moçambicana que se levantou contra o colonialismo português na década de 1960.

No Seminário Católico de Zóbuè, estudantes moçambicanos das actuais províncias de Sofala, Manica, Tete e Zambézia assumiram uma postura que constituía uma afronta ao regime colonial português. No livro “O Seminário Católico de Zóbuè: entre a Cruz e o Fuzil”, o autor lista 23 seminaristas de Zóbuè que, entre 1960 e 1967, seguiram para os Estados Unidos da América para prosseguir estudos superiores depois que o Arcebispo Dom Custódio Alvim Pereira promulgou 10 princípios que rejeitavam a teoria da independência para Moçambique. A lista contém nomes e missões desses ex-seminaristas, os anos em que desistiram da vida sacerdotal, as universidades que frequentaram nos Estados Unidos da América, os cursos que seguiram bem como os anos em que obtiveram a sua primeira graduação.

O autor lista igualmente 30 seminaristas que desistiram da vida sacerdotal, durante o mesmo período, para se juntar ao movimento da libertação da FRELIMO em Tanzânia. A lista fornece os nomes desses ex-seminaristas, as suas missões, os anos em que desistiram da vida sacerdotal bem como os anos em que se juntaram à FRELIMO. É dado realce aos ex-seminaristas que posteriormente seguiram para o exterior para prosseguir o ensino superior como bolseiros da FRELIMO.

Os resultados revelam que um total de 35 ex-seminaristas obtiveram formação superior antes da independência de Moçambique. Evidentemente, mais ex-seminaristas poderão ter obtido formação superior, o que poderá ser conhecido com uma investigação mais aprofundada. Cai, assim, por terra a narrativa de que havia menos de uma dezena de moçambicanos com ensino superior na altura da independência.

A FRELIMO simplesmente fechou as portas a centenas de estudantes moçambicanos no exterior, rotulando-os de “contrarrevolucionários, cujo conhecimento só serviria para oprimir o povo moçambicano”. Aqueles que teimavam em regressar a Moçambique na época da independência eram detidos ou mortos. Os governantes moçambicanos da época preferiram recrutar cooperantes estrangeiros com qualificações duvidosas, desperdiçando as poucas divisas que possuíam e deixando o país de rastos por falta de conhecimento.